Hiperatenuação ( 90 UH) anormal do segmento intra-orbitário do nervo-óptico esquerdo, podendo corresponder a migração retrolaminar do material de inclusão cirúrgica no bulbo ocular esquerdo (silicone).
Há imagens de atenuação semelhante no corno anterior do ventrículo lateral esquerdo, no aqueduto cerebral / IV ventrículo e possivelmente na projeção do ramo posterior da cápsula interna direita, achados que podem estar relacionados a disseminação retrógrada do material acima descrito no espaço subaracnóide.
Óleo de silicone tem sido usado há cerca de 5 décadas como agente de endo-tamponamento vitreoretinal nos procedimentos de prevenção ou tratamento de descolamento de retina ou hemorragia vítrea. Idealmente, o óleo de silicone é removido assim que a retina estiver estável, no entanto em alguns casos é necessário deixar in situ para manter a integridade ocular e prevenir a phthisis.
Embora, não haja conexões entre a câmara vítrea e elementos neurais posteriores, há descrições de migração do óleo de silicone posterior da lamina cribrosa para o interior de áreas do nervo ótico e espaços subaracnoides .
O mecanismo permanece ainda não elucidado, mas os autores sugerem que a elevação da pressão intraocular, macrofagia, deformidades anatômicas congênitas podem estar implicados na gênese destas alterações.
Como as massas são bem definidas homogêneas e hiperdensas a possibilidade de neoplasia é menos provável. Para diferenciar da hemorragia vítrea é importante que sendo o óleo com densidade menor ,este flutua movimentando-se às modificações de posição do paciente. Na tomografia computadorizada os valores de atenuação relatados são de 90 a 115 UH e diferem dos valores de sangue que giram em torno de 30-60 UH.
O diagnóstico diferencial das massas hiperdensas, homogêneas, bem definidas na câmara posterior incluem: retinoblastoma, linfoma, metástases, óleo de silicone, hemorragias vítreas.
As implicações clínicas do óleo de silicone dentro dos ventrículos cerebrais ainda são incertas, pois não há nenhum relato até o momento associado a sequelas neurológicas.
A apresentação deste caso ilustra a importância de considerar o diagnóstico de conteúdo oleoso ao encontrar achados anormais de imagem intraventricular em paciente com estado neurológico estável e história pertinente de intervenções ou doenças vitreorretinianas.