Papel potencial da hipovitaminose D e suplementação de vitamina D durante a pandemia de COVID-19

Potential role of hypovitaminosis D and vitamin D supplementation during COVID-19 pandemic 

https://doi.org/10.1093/qjmed/hcaa234

A deficiência de vitamina D é um distúrbio pandêmico que afeta mais de 1 bilhão de indivíduos em todo o mundo e representa um amplo espectro de implicações em distúrbios cardiovasculares e inflamatórios.

A vitamina D é um secosteroide  que é definido como um  composto químico derivado de um esteroide no qual tenha ocorrido a separação das suas ligações químicas, logo o a vitamina D é um hormônio, mais precisamente um pré-hormônico. A vitamina D é produzida pelo corpo humano  ao nível da pele, através da exposição solar , e 20-30% introduzida pela dieta. Transformado pelo organismo em sua forma ativa ( 1,25-hidroxicolecalciferou ou calcitriol) , não é apenas o principal regulador do cálcio e da homeostase óssea, mas também um fator hormonal que modula cerca de 3% do genoma humano.

A sociedade de endocrinologia defini que  deficiência de Vitamina D é quando o nível é inferior a 20 ng/ml, insuficiência se 21 a 29 ng/mg e suficiente quando maior que 30 ng/ml. Contudo a severa deficiência ( menor que 10 ng/ml) é comum especialmente em certos subconjuntos de pacientes de alto risco, apesar dos níveis mínimos para manter a homeostase corporal ainda não foram definidos.

O progressivo avanço da idade da população, sedentarismo, obesidade, doenças crônicas tais como insuficiência renal, e também a poluição tem aumentado a prevalência de deficiência da vitamina D para proporções pandêmicas atingindo picos de 50% da população saudável em alguns países.

A vitamina D representa um hormônio com efeito de amplo espectro, modulando a homeostase de vários órgãos em particular o sistema imune.

Receptores da vitamina D foram identificado na maioria das células do sistema imunológico, principalmente macrófagos, dendritos e células T. Em geral a vitamina D controla as respostas inflamatórias, mantendo-as dentro dos limites fisiológicos.

Os efeitos moduladores da vitamina D na resposta imune e inflamatória surgiram como um ponto-chave nas doenças respiratórias e infecciosas.

Em estudo recente desenvolvido por Martineau et al, mostraram que a suplementação de vitamina D pode reduzir o risco de infecções respiratórias agudas, reduzindo em cerca de 50% os eventos respiratórios agudos. Martineau et al. Vitamina D supplentation to prevent acute respiratóry tract infections: systematic review and meta-alanlysis of indiviusl participant data. BMJ 2017;356:i6583

No entanto nenhum dado específico para a infecção COVID-19 foi relatado até agora.

Alta relação custo-benefício, e tolerabilidade são as principais características da suplementação de vitamina D. Desta forma tem sido apontada como uma medida preventiva promissora entre indivíduos saudáveis, em particular devido à grande prevalência de indivíduos com deficiência e seus efeitos benéficos na sobrevida, qualidade de vida e diversos distúrbios crônicos, cujos efeitos protetores poderiam ser ainda mais relevantes no contexto da pandemia de COVID-19.