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11 Mar 2021

VENTRICULOS LATERAIS- anatomia e variações

Os ventrículos laterais eram o centro das atenções entre filósofos, sacerdotes, anatomistas e médicos desde Aristóteles, no século IV A.C. Originalmente pensava-se que os ventrículos  abrigavam a alma e os espíritos “vitais” responsáveis por funções superiores. Após a influência do Cristianismo e da Renascença, os ventrículos foram conceituados como as três cavidades onde o senso comum, a imaginação criativa e a memória foram alocados individualmente. Somente no século XVI, que os anatomistas Andreas Vesalius e Constanzo Varolio identificaram os ventrículos com cheios de líquido cefalorraquidiano.

Antes da era das imagens seccionais, quando a ventriculografia e pneumoencefalografia eram somente as modalidades disponíveis, variações da morfologia ventricular eram usadas como sinais de perda de volume parenquimatoso ou efeito expansivo.

Frequentemente as assimetrias e variantes anatômicas são identificadas e aceitas como variações normais.

Algumas variantes anatômicas são observadas como coarctação, assimetria, cavuns e cistos.

Coarctação- refere-se à aposição ou fusão de duas paredes ventriculares resultando na obliteração parcial ou completa do lúmen. A incidência dessa variação uni ou bilateral gira em torno de 0,38 A 6% e o local de maior incidência é no corno occipital.

Assimetria ventricular entre os ventrículos laterais ocorrem em 5-12% de indivíduos normais. A associação entre assimetria do ventrículo lateral, com lateralidade x sexo é controversa, mas há trabalhos que mostram uma diferença significativa nas dimensões ventriculares em indivíduos destros versus sinistros e homens versus mulheres.

Nenhuma investigação definitiva em grande escala das variações morfológicas dos ventrículos laterais correlacionando o resultado neurológico de longo prazo foi realizada. Portanto é geralmente aceito que pequenas alterações volumétricas ou morfológicas dos ventrículos laterais não tem significado clínico.

O septo pelúcido forma as paredes mediais dos ventrículos laterais e consiste em 2 lâminas finas que normalmente se fundem logo após o nascimento. Se as lâminas não se fundirem, o espaço pode se expandir com LCR sendo denominado cavum do septo pelúcido. Se há uma extensão posterior no plano vertical entre as colunas do fórnix, denomina-se cavum do septo vergae. O significado clínico do cavum do septo pelúcido e vergae é desconhecido e considerado variantes anatômicas. Contudo alguns estudos apontam a associação com déficits cognitivos em pacientes que sofreram traumatismo crânio-encefálico.  Outros estudos apontam correlação com esquizofrenia, alcoolismo ou trauma crânio-encefálico prévio. O cavum do septo interpositum é aceito como variante normal, e não há correlação com alterações cognitivas ou desordens psiquiátricas.

Os cistos do plexo coróide podem ser adquiridos ou congênitos. Os cistos adquiridos são mais comuns em adultos e são formados por acúmulo de debris xantogranulomatosos, e são frequentemente encontrados na Xantogranulomatose. A metástase coroidal pode mimetizar o xantogranuloma principalmente quando de aspecto cístico.

Cistos do plexo coróide são tipicamente  incidentais, e usualmente assintomáticos.

Scelsi C.L; Rahim T.A.;  Morris J. A.; Kramer G. L.; Gilbert B.C. and Forseen S. E. The Lateral Ventricles: A detailed review of anatomy, development, and anatomic variations-American Journal of Neuroradiology April 2020, 41 (4) 566-572

DOI: https://doi.org/10.3174/ajnr.A6456